Como cortar custos da sua empresa sem sacrificar a qualidade de seu produto?
A indústria vive um momento extremamente delicado em virtude da combinação de diversos fatores: alta do dólar e dos preços dos insumos, bem como da taxa básica de juros e do barril de petróleo – este último atingiu o valor máximo dos últimos cinco anos. Por outro lado, falta matéria prima em muitos segmentos, e o consumidor, em meio a um cenário de estagnação econômica e inflação, corta os gastos.
Esse cenário, como não poderia deixar de ser, tira o sono do empresário e suscita uma pergunta quase sem solução: como reduzir custos e manter a produtividade, a eficiência e a qualidade dos produtos e serviços?
A verdade é que não há resposta mágica para essa pergunta, mas ela certamente passa por gestão, processos e controles – o tripé que toda companhia de sucesso precisa seguir. Por mais que saibamos o que esse tripé significa, e de sua importância, muitas empresas imaginam que relegam o assunto, pois, embora acreditem que o domina, não é bem isso o que vemos na prática.
Vamos começar pelos processos. Uma coisa é ter processos, outra bem diferente é segui-los. Não é incomum se deparar com companhias com certificados robustos de qualidade, que, no entanto, possuem colaboradores que nem sequer sabem onde começam e terminam atividades.
Pior, contam também com gestores que não enxergam a necessidade de ter processos entrelaçados à própria cultura corporativa. Insisto: um processo bem desenhado não deixa dúvidas, não permite interpretações, não gera divergências entre os envolvidos e, principalmente, evita retrabalhos e desperdícios.
Acerca dos controles, muitos já devem ter ouvido a frase “aquilo que não se mede não se pode controlar”. E essa frase está correta!
Para controlar é preciso medir, conhecer a fundo a atividade, saber os números de cor, ter parâmetros, identificar desvios e tratá-los.
Afinal, se eu, como gestor, não sei quanto custa cada etapa da minha produção, quanto custa cada produto na minha atividade, como saberia onde atuar?
Nesses casos, empresas entram em modo desespero e começam a cortar custos insignificantes, como papel e café; no final, percebem que todo esse esforço propiciou um ambiente mais hostil para os funcionários e quase nenhum ganho para a operação.
Controlar custos, inicialmente, é saber onde investir esforços para trazer resultados consistentes. É isso que agrega valor para a companhia.
Enfim, para quem esperava uma fórmula mágica para a pergunta inicial, sinto decepcionar, mas o fato é que ela não existe. O que há é um tripé a ser seguido que, com certeza, indicará onde estão os excessos e desperdícios, e onde atuar para trazer resultados.
Cortar custos, afinal, é até fácil, difícil é não perder qualidade e eficiência com as reduções. Se posso me atrever a deixar um conselho para os gestores é este: descubra as ineficiências, pois, sem conhecê-las, cortar custos pode significar cortar sua empresa do mercado.
Ricardo Leister é Partner da área de Performance Improvement da ACTIUS CONSULTORIA. Especialista em Gestão Estratégica, Melhoria de Performance e Redução de Custos.